Descanse em Paz Bumer, Nosso Ogrão Querido!

Na segunda-feira desta semana o Bumer nos deixou. Foi viver no céu dos cães, onde ele não iria mais sentir dores nas patas traseiras.

O Bumer tinha displasia, e sabíamos desde o início deste problema dele. Na época já tínhamos a Babalu, a nossa outra Golden Retriever. Como ficamos com pena de deixá-la sozinha, procuramos um companheiro para quando não estivéssemos em casa. Fomos em um canil e o Bumer grudou na Bebel deste o início.

A Bebel se apaixonou logo de cara e não teve jeito, acabamos levando-o para ver se ele se adaptava. Imagina se depois de levar um golden para casa você consegue devolvê-lo? 🙂

Assim como cada pessoa tem uma personalidade, o Bumer era bem diferente da Babalu. Enquanto ela era mais reservada, ele exigia carinho, chegando a bater o focinho na gente para receber um agrado. Enquanto ela era limpinha, ele não era tão asseado assim (mas isso tínhamos que dar um desconto, por ele ser macho).

Acho que por volta de um ano depois que o adotamos, o levamos para fazer um exame de displasia, e o resultado foi positivo, com grau avançado. A Bel sendo veterinária achou que termos ele por perto era a melhor forma de cuidarmos quando precisasse.

Os anos passaram e o Bumer foi realmente um companheirão para a Babalu. Sempre brincavam e estavam juntos; até dormiam um do lado do outro. Nunca brigaram e se davam muito bem.

Quando descobrimos que a displasia era severa, resolvemos fazer uma vasectomia nele. Assim eles poderiam se divertir mas não haveria o risco da displasia seguir para as gerações futuras. O problema é que ele sempre foi fujão, e, quando estava se recuperando da cirurgia, pulou o canil e bateu as bolinhas, causando uma enorme infecção. Resultado: outro cirurgia, e desta vez ele teve que ser castrado totalmente. Mesmo assim (não me perguntem como) ele dava uma namorada na Babalu de vez em quando. 🙂

E que companheiro ele foi! Como eles não poderiam ter filhotes juntos, deixamos a Babalu namorar com outro Golden. O resultado foi uma ninhada de nove lindos Goldens! E o Bumer foi um paizão, cuidando muito bem dos filhotinhos!

O Bumer também viu o Natan nascer e crescer junto com ele. Até trouxe a primeira fraldinha suja do Natan para casa, para os cães cheirarem e verem que dali em diante teríamos mais uma pessoinha vivendo com a gente.

A displasia foi aparecendo aos poucos, à medida que ia envelhecendo. Ele ficou mais cuidadoso para andar e corria raramente. De vez em quando tínhamos que entrar com medicamentos fortes para controlar as dores que sentia. Fazíamos o tratamento e ele voltava ao normal por vários meses. O problema é que estas crises começaram a diminuir de intervalos.

O Bumer também foi o protagonista de um episódio com o Guru do Software Livre, Richard Stallman. Ainda bem que não morreu de cuequite aguda, pois daí seria uma pena. 🙂

Há um ano atrás ele deu uma travada feia, e não conseguia andar. Fizemos o tratamento e ele se recuperou. Isso nos preocupava. 🙁

Por volta de umas três semanas atrás as coisas pioraram. Encontramos ele deitado na calçada, no fundo de nossa casa. Estava molhado de xixi e aparentava estar lá já a algumas horas. Isso nos partiu o coração, pois viver daquele jeito não era a solução. Fizemos novamente um tratamento de choque, incluindo fortes analgésicos. O problema é que tudo isso era só paliativo e as opções de cirurgias eram muito traumáticas, ainda mais para um senhor de treze anos de idade.

Neste final de semana tudo piorou, pois os remédios atacaram o seu estômago, e ele estava evacuando sangue. O seu rosto, que sempre foi feliz, estava com um semblante de dor e sem vida. Resolvemos aliviar o seu sofrimento, pois não havia nada mais que pudéssemos fazer para reverter a situação. Algo que já sabíamos, trezes anos atrás, que um dia iria acontecer.

Na segunda à noite ele nos deixou. Um cão alegre, companheiro, que adorava um carinho ao ponto de até ser chato, de tanto que pedia. Era meio estabanado, por isso o chamávamos de “Nosso Ogrão”.

Colocamos ele em dois lençóis e levei-o na terça até a chácara do meu sogro. Como toda a dedicação que ele nos deu em todos estes anos, não poderia deixar ninguém cuidar dele nesta hora. Na ida até lá toquei em sua homenagem Dust in the Wind, do Kansas. Engraçado que escolhi a música meio que aleatoriamente, mas a letra tinha tudo a ver com o momento:

Levei-o, com a ajuda de um funcionário, até o cemitério dos cachorros, e daí segui sozinho. Peguei uma pá e uma cortadeira e fiz o melhor buraco do mundo! Quando estava tudo pronto, abri o lençol em que ele estava e me despedi. Coloquei-o lá, junto com um bilhete que fizemos no dia anterior. Cobri-o novamente e, com um aperto no coração, coloquei a terra novamente no lugar.

Os outros cachorros que estavam enterrados lá não tinham identificação. Resolvi que com o Bumer isso seria diferente. Peguei uma lajota e fiz uma lápide para ele, além de colocar pedra brita no túmulo. Ficou bem bonito e foi uma maneira de me despedir com respeito.

Fiz minha homenagem silenciosa e voltei para casa.

Adeus Bumer, seja feliz no céu dos cachorros! Saiba que você sempre estará nos nossos corações e nunca o esqueceremos!

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7 Responses to Descanse em Paz Bumer, Nosso Ogrão Querido!

  1. Enoch Filho says:

    Meus sentimentos, Rodrigo.
    Muito bacana este post-homenagem.

  2. Andrea Nakano says:

    Rodrigo com certeza ele esta no céu com os outros anjos de quatro patas que nos fizeram muito felizes enquanto foram nossos companheiros de vida!!! Nunca nos esquecemos desses anjinhos! Muito bonito o blog e os posts e fotos do Bumer e da Babalu com seus filhos e vcs!

  3. Renato says:

    Cara, muito legal. Cachorros são muito especiais. Espero que encontre logo outro. RIP, Ogrão!

  4. Marinez says:

    Uma linda e merecida homenagem. O Bumer foi um companheiro muito especial.Que saudade ao ver as fotos e lembrar de todos os momentos legais com ele.

  5. Andreas says:

    Rodrigo, que notícia terrível 🙁
    Lembro quando fui na sua casa pela primeira vez e vi aquelas duas enormes bolas de pelo douradas abanando o rabo para mim e com um sorriso enorme no rosto. Foi ali que decidi que eu iria ter um Golden Retriever um dia, e o Bumer serviu de inspiração.
    É como você falou, nós sabemos que esse dia de despedida vai vir, e tentamos nos preparar para ele. Mas é difícil. Só podemos desejar estar ao lado desse nosso companheiro para que ele não fique sozinho nessa hora. Eu temo este dia, mas mais do que nunca quero estar ao lado dele quando chegar.
    Lindas as fotos, retratam bem o espírito desse grande companheiro. Que ele tenha muitas bolinhas para brincar, grama para correr, e que seja abraçado todo dia, e que nunca fique sozinho. Agora essa displasia não o está incomodando mais.
    Um grande abraço para você e a Bebel.

  6. Anderson says:

    Muito bonita sua homenagem. Que ela sirva de apoio para superar a perda. Um forte abraço.

  7. Ruth says:

    Rodrigo….
    Fiquei muito triste com a notícia… ele era um câo e tanto…Um grande abraço…. Piti

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