Protestos de Sofá e a Consciência de Cada Um

Gandhi já dizia : “Qualquer coisa que você fizer será insignificante, mas é muito importante que você a faça.

Eu tenho orgulho de ver tantos blogs reunidos em torno de uma causa, que, em menos de 24 horas, colocaram o site do Senado como o primeiro colocado no Google ao se buscar o termo Vergonha Nacional. Isto mostrou engajamento e participação por algo que milhares de pessoas acharam relevante.

Concordo com o Cardoso, temos que defender o que acreditamos. E foi isso realmente o que aconteceu na noite da absolvição do pseudo-senador Renan Calheiros. Eu resolvi fazer alguma coisa. Poderia ter sido insignificante com o próprio Gandhi disse, mas resolvi fazer assim mesmo, seguindo a minha consciência. E olha que não fui só eu que teve a mesma idéia.

E não é que esta brincadeira boba despertou o interesse da mídia tradicional? Sites como o jornal A Tarde, O Dia, IDG Now!, Info, Terra e até a Folha de S. Paulo, que gerou mais de 630 comentários em menos de 10 horas, engrossaram o caldo. Tá, não são 1.000 comentários em um dia, mas é algo bem representativo. O que uma passeata de blogueiros iria gerar de repercussão? Quem sabe a fúria do paulistano querendo chegar logo em casa depois de um dia estafante de trabalho…

Agora me diga se os blogs não são uma ferramenta de mobilização? Segundo o Technorati, mais de 5.000 posts foram feitos em relação à vergonha nacional. Isso não é uma forma de mobilização?

Não entendo porque um protesto somente é válido se for ao vivo. Alguém pode me explicar? Então juntar quase 1.000.000 de assinaturas contra a CPMF não é algo válido?
Mas o que é “ao vivo” afinal? É sair à rua levantando uma bandeira?

O que importa quando se faz um protesto é o número de pessoas que se atinge. Afinal, você não quer tentar mostrar a sua causa para o maior número de pessoas possível? Existem instituições que se especializaram em realizar protestos inusitados. E por que isso? Porque eles se tocaram que pendurar uma bandeira monstruosa na frente de um navio dá muito mais repercussão do que levantar faixinhas sonsas ou declamar refrões de ordem em praça pública. Eles evoluiram, assim como todo mundo.

Então a questão não é se o protesto é ao vivo ou não. Isso não importa! O que importa é o impacto que causará nas pessoas. Porque John Lennon resolveu protestar contra a guerra ficando duas semanas numa cama de hotel? Por que ele não saiu às ruas? Pelo simples fato que esta sua atitude causou mais impacto do que uma passeata! Ou você acha que ele faria isso por algum outro motivo?

Hoje o termo vergonha nacional causa mais impacto no google que a busca pelo termo senado:

No mínimo toda esta brincadeira boba está servindo para ajudar a refrescar a dita memória curta dos brasileiros.

Hmm, e só devemos então fazer coisas que causem impacto nas pessoas? Claro que não, devemos seguir a nossa consciência e fazer o que achamos que seja correto, independente do que seja isso.

Anne FrankUma simples menina foi uma das figuras mais importantes que emergiram da Segunda Guerra Mundial. Será que ela escreveu o seu livro para se tornar um sucesso ou porque estava seguindo o que seu coração dizia naquele momento? Será que, em vez de ficar com a bunda sentada em uma cadeira, escrevendo o seu livro, não seria melhor ter saído às ruas e protestar? Se fizesse isso não teria causado o impacto no mundo que seu livro causou.

Protesto com Torta na cara de Bill GatesO google bomb prova que uma parcela significativa da população defende um determinado ponto de vista. O que o voto do eleitor prova? O voto prova, ou deveria provar, a intenção da maioria dos eleitores. Tudo isso é evolução. A muuuito tempo atrás quem detinha o poder eram os mais forte fisicamente. A briga pura e simples evoluiu para formas mais civilizadas de escolha, como o voto. E o protesto não é uma forma mais civilizada de briga? O protesto também evoluiu, seja em qual forma for.

O ato de colocar a palavra vergonha nacional na capa do google não é um fim, mas somente um meio de conscientizar, de potencializar a indignação das pessoas. É somente mais uma parte da engrenagem, que pode, quem sabe, ajudar a gerar um efeito maior, um estopim, uma pressão da sociedade em relação ao ditos representantes do povo.

No fim das contas protesta quem quer, da forma que quer e da maneira que melhor lhe convier. O que importa é fazer o que você considera direito e correto.

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2 Responses to Protestos de Sofá e a Consciência de Cada Um

  1. cassiano says:

    ola amigo me inspirei na sua campanha contra o senado e criei uma contra o estadao. visite meu blog e se achar correto nos ajude!

    abracos e sucesso

  2. Pingback: Passeata Ética Já - A Grande Vaia | Empirical Empire

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